quinta-feira, 8 de abril de 2010

LANÇAMENTO DA TRILHA DO OURO BACK PACKING 19, 20 e 21 de março de 2010

Dia 19 de março amanheceu com muito sol na Bocaina e, logo cedo comecei a preparar a mochila. Estava feliz por retornar à Trilha do Ouro nos moldes que a fazíamos no início da MW Trekking, com mochila nas costas e sem apoio para transporte.
Para quem gosta de trekking e desafios, levar a própria mochila é como estar vestido – faz parte.
Para comemorar o relançamento dessa modalidade, contamos com um pequenino, mas muito bom grupo, formado por apenas 3 pessoas.
O Americano Gregory, recém chegado dos EUA, estava muito animado e ansioso para começar a caminhar. Escritor do famoso guia de turismo “Lonely Planet”, sempre tinha á mão uma caderneta onde anotava absolutamente tudo!
O Waldemar, cidadão de Niterói, profundo admirador da Serra da Bocaina, já foi companheiro de outras aventuras nas trilhas do entorno da Pousada Recanto da Floresta.
O terceiro membro do grupo fui eu, que guiei a todos pela Trilha do Ouro.
Começamos a caminhar um pouco tarde, às 10:50 de uma bela manhã, quando damos os primeiros passos dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Nossa primeira parada logicamente foi na Cachoeira de Santo Izidro.
Embora estivesse quente, como era o penúltimo dia de verão, a água estava fria e ninguém se aventurou.
Gregor gostou muito da Santo Izidro.
Continuamos nossa caminhada e a próxima parada foi na Cachoeira das Posses.
Imponente e com muita água, a Cachoeira das Posses estava em seu auge.
Ao sairmos da Cachoeira das Posses começou uma chuva que logo se transformou num temporal – era a nossa última chuva de verão!
Foi gostoso caminhar na chuva em virtude do calor, ainda mais que estávamos começando justamente a parte da subida e, pelos 3km de subida ela nos acompanhou.
Como tinham muitos cupins voando, percebi logo que a chuva iria acabar e abriria o sol.
Meus companheiros não acreditaram muito, mas, de repente, a chuva parou e abriu um sol muito quente. Sorte que já tínhamos terminado a subida!
O tempo abriu novamente e a mata ficou deslumbrante com uma neblina formada pela evaporação da água da chuva. Ficamos todos encantados com o visual.
Chegamos à casa da D. Palmira às 17:50 e fomos recebidos com pinhão e café – tudo o que estávamos precisando!
Após o banho, D. Palmira deu um show no delicioso jantar que teve como sobremesa (pasmem) paçoca de pilão – Simplesmente deliciosa!
Depois do jantar chegou o sono...
Eram 20:30 da noite, após 7 horas de intensa caminhada, banho quentinho e um delicioso jantar, fomos dormir muito felizes.

20 de março de 2010:
O último dia de verão de 2010 chegou esplendoroso, céu azul, calor e muito sol.
Logo o cheiro do café sendo passado encheu a casa e foi fazendo com que o sono fosse embora.
Após o café, depois de várias fotos, começamos a caminhar por volta das 09:30 com um sol tão forte que só pensávamos no momento de dar um mergulho no Rio Mambucaba.
A floresta repleta de árvores “Cássias” cheias de flores amarelas se destacavam em meio às quaresmeiras arroxeadas transformando a mata num verdadeiro jardim.
Ficamos um tempo parados olhando o cenário que parecia uma pintura; o céu azul polarizado, a mata verde, as Cássias amarelas e as quaresmeiras roxas – um espetáculo realmente lindo da natureza.
Para coroar a caminhada da manhã ao longo da trilha, encontramos dezenas de pés de araçá repletos de frutos maduros suculentos e deliciosos!!!
A paisagem agradava aos olhos e o gosto gostoso do araçá era uma bênção ao paladar.
Meus companheiros são bons “trekkers” e caminhamos vigorosamente, mas sem pressa, num ritmo que nos possibilitava conversar, pensar, respirar o ar perfumado pelas flores do brejo e observar a natureza, neste período do ano, totalmente multicolorida.
Demos uma parada gostosa no gramado da Fazenda Central, onde tomamos água, comemos um pouco de paçoca e conversamos bastante.
Chegamos à casa do Tião, nosso ponto de pernoite, às 12:20 e atravessar o Rio Mambucaba num bondinho suspenso por cabos de aço foi uma surpresa cheia de adrenalina para meus companheiros.
Assim que chegamos, trocamos de roupa e já corremos para o Rio Mambucaba.
A água do Rio Mambucaba estava fria, não gelada, mas fria para nossos corpos suados. O primeiro mergulho no Rio Mambucaba, ainda com o corpo quente, provoca uma deliciosa sensação de euforia, a respiração para e o corpo submerso na água gelada causa certo torpor e êxtase como se estivéssemos sido ligados numa tomada, recebendo uma recarga de energia, através de um abraço molhado da natureza.
É indescritível a sensação de relaxamento e liberdade...
Só saímos do Rio quando o almoço ficou pronto!
Com o corpo todo relaxado, depois de quase 3 horas de caminhada intensa, foi impossível evitar um cochilo após o almoço.
Por volta das 15 horas chegamos ao ponto alto do passeio, a visita à Cachoeira do Veado.
Já fazem uns 25 anos quando visitei a Cachoeira do Veado pela primeira vez, e cada vez que visito a Cachoeira do Veado novamente, a fascinação que sinto por aquela preciosidade da natureza continua enorme.
Com 210m em duas quedas a Cachoeira do Veado é impressionante, ainda mais agora no verão que tem muito mais água. Um barulho ensurdecedor, o vapor da água que nos deixa molhados, e a beleza da mata atlântica que emoldura a cachoeira, formam um cenário inigualável e único.
É difícil chegar aos pés da Cachoeira do Veado sem deixar escapar alguma exclamação de admiração...
Ao retornarmos da cachoeira, voltamos a nos banhar no Rio Mambucaba até o pôr do sol.
A noite chegou e o céu ficou estrelado, nosso jantar à luz de velas foi muito gostoso, conversamos bastante sobre vários assuntos, e o fato do horário de acordar no dia seguinte às 5hs da manhã, nos fez a todos, ir para a cama mais cedo.

O domingo amanheceu preguiçoso, nublado e um pouco frio.
O primeiro dia do outono de 2010 chegou prometendo aventuras e muitos escorregões!
Tomamos café e, por volta das 07:00 da manhã, começamos a caminhada de nosso último dia na Trilha do Ouro.
A mata estava exuberante e, logo nos primeiros quilômetros, começamos a ouvir o barulho de um bando de bugios do outro lado do vale.
Caminhamos sem problemas, a trilha estava um pouco molhada e escorregadia, pois não bate muito sol no chão, mas isso não nos atrapalhou. O tempo estava fresco e muito gostoso para caminhar.
Ficamos um tempo parado observando a beleza da Cachoeira do Veado ao longe e, logo fomos engolidos pela floresta.
Estávamos animados e caminhávamos muito bem; nossa primeira parada foi na divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, quando atravessamos o Rio Memória por uma ponte bem instável que não inspirava segurança nenhuma.
Caminhamos tranqüilos e sem pressa, o tempo nublado ajudou bastante.
Por volta das 10 horas chegamos ao Macpira, onde fizemos uma parada maior para lanche e para tomar água.
No caminho até o Cocoon encontramos o Sr. Arli que subia animado a trilha.
Ao longe avistamos a Cachoeira do Esguicho que estava muito forte em virtude da grande quantidade de água.
No Cocoon, nosso novo ponto de parada para tomar água e descansar, aproveitamos para também comer um pouco.
Meus companheiros eram bem atenciosos e em nenhum momento caminharam na minha frente; isso foi muito importante, pois vimos duas cobras no caminho e, como eu caminhava sempre na frente, as vi primeiro dando tempo de alertar meus amigos. Tiramos fotos das duas e continuamos nossa caminhada.
O Rio Santo Antonio estava fantástico, águas claras e convidativas, mas apenas o Gregor teve coragem para entrar.
A travessia da ponte do Rio Sto Antonio, como sempre, enche de adrenalina a todos que precisam cruzá-la, seus balanços nos fazem prender a respiração e ficamos muito aliviados quando novamente colocamos os pés no chão!
Atravessar a ponte pênsil do Rio Sto Antonio, é como começar a se despedir da floresta e da Trilha do Ouro.
Menos de uma hora após essa travessia, já estávamos no carro, sentados e seguindo para Mambucaba.
À medida que o carro avançava, olhando para traz via a enorme montanha que acabávamos de transpor; embora já tenha feito esse percurso centenas de vezes, no momento em que chego ao final da Trilha do Ouro, sempre tenho uma deliciosa sensação de vitória, de superação e, no meu caso em particular, também uma sensação de “dever cumprido”.
Deixamos o Gregor no ponto de ônibus de Mambucaba na certeza de que um dia ainda retornará à Serra da Bocaina.
À volta para São José do Barreiro, mesmo de carro é longa, e fomos cochilando e conversando, enquanto o Toninho habilmente conduzia nosso veículo de volta a São José do Barreiro.
Uma breve parada na padaria de Lídice e continuamos nossa jornada de retorno.
De volta ao escritório da MW Trekking em São José do Barreiro onde tudo começou 3 dias atrás, dei por encerrada nossa missão com sucesso. Finalmente foi relançada a Trilha do Ouro Back Packing, para quem gosta de aventuras e superação e, tenho certeza que muitos grupos virão também vivenciar todas essas emoções no coração da Serra da Bocaina.
Despedi-me do Waldemar, uma pessoa que admiro e que já faz parte da família MW Trekking a muito tempo.
Agora vou dormir – corpo cansado e mente feliz...
Sei que vou sonhar com as aventuras desses dias, mas em breve, sei que minhas botas estarão novamente pisando nas pedras da Trilha do Ouro...







José Milton 21 de março de 2010

3 comentários:

  1. Olá José Milton,

    Coloquei seu link de acesso direto para facilitar a vida e pesquisa de meus alunos. Tudo de bom.

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  2. Parabéns ótima historia até eu viajei com vcs, se Deus quiser este ano eu estou lá. Abração!

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  3. Demais essa trilha... Pretendo fazê-la em breve... Bjs
    Carla

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